
Jovem maracajaense professa seus primeiros votos para se tornar freira neste sábado

A jovem maracajaense Isabela Leandro, de 22 anos, se tornará mais uma Freira da cidade neste sábado (20). A cerimônia de seus primeiros votos acontecerá às 9h, em uma missa na Basílica Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, em Içara.
Conforme os pais Geraldo e Regina Leandro, Isabela sempre foi uma criança tranquila. “Isabela nasceu com uma fenda palatina, que é uma malformação congênita que ocorre quando o céu da boca não se forma corretamente durante o desenvolvimento fetal. Até os dois anos Isabela passou por tratamento e cirurgias para fechar o céu da boca. Esse foi o único problema que ela passou. Ela sempre foi uma menina muito preocupada, estudiosa e gostava de jogar futebol, inclusive participava de competições na escola”, revela Regina.
Segundo a mãe, durante a infância, Isabela nunca manifestou esta vocação. “Somos uma família religiosa, participamos ativamente da igreja. Isabela chegou a ser coroinha, depois acólita, que auxiliava na organização das tarefas nas missas. Aos 16 anos ela começou a frequentar o grupo de jovens. Acredito que ali, mesmo sem imaginar, começou a despertar o interesse e encaminhamento da vocação, pelo interesse e dedicação nas ações do grupo, além de participar de retiros vocacionais no convento das Irmãs Servas Adoradoras da Misericórdia, em Içara”, lembra Regina.
Os pais Geraldo e Regina notaram o despertar da vocação quando Isabela estava nos últimos anos do ensino médio, e revelou a vontade de ir para o convento.
“Quando ela estava próximo de completar 17 anos, Isabela veio até nós e disse que gostaria de ir para o convento porque lá se sentia bem e era o lugar onde ela queria estar. Para nós como pais, foi algo inesperado e desafiador. Lembro que levamos um susto pois não imaginávamos que ela iria tomar essa decisão, mesmo com toda nossa religiosidade. Inicialmente, ficamos apreensivos, mas procuramos entender e aceitar a decisão dela. Sabemos que não é fácil, pois é uma vida de renúncias e por isso conversamos bastante com ela, esclarecemos alguns pontos, mas no final comprovamos quer era isso mesmo que ela queria e que ela estava feliz nesse caminho, e isso nos confortou bastante e abençoamos esta decisão”, afirmam os pais.

Chamado inesperado
Isabela entrou para o convento após concluir o ensino médio aos 18 anos. “O desejo de se tornar Irmã, como chamamos, iniciou aos 17 anos. Até então nunca tinha pensado em ser religiosa, mas ao começar a participar de grupos de orações, retiros e principalmente aumentar os períodos rezando, passei a entender a vontade e o chamado de Deus na minha vida”, conta Isabela.
Ela afirma que esse foi um processo longo até a decisão. “Por ser algo novo, e uma decisão muito importante, acebei demorando um pouco para aceitar o chamado, pois ainda pensava em profissões a seguir, que é o mais comum. Mas o próprio Jesus que me chamou, foi quem me capacitou e me encorajou a dizer o sim para Ele”, frisa Isabela.
Ela revela que até os 16 anos jamais pensou que pudesse escolher o caminho da religiosidade, pois se imaginava formando família com um casamento e filhos. “Foi somente após entender que existem vocações e que o senhor chama cada um para uma vocação. Então comecei a rezar para que a vontade de Deus prevalecesse e eu tomasse a decisão certa. Acabei aprofundando o conhecimento na vida religiosa, aprendendo sobre o que as religiosas, conhecidas como Freiras, fazem. Fui conhecer a casa das Irmãs e durante essa trajetória, foi despertando o desejo de viver aquela vida”, explica a noviça.
Ainda conforme ela, mesmo participando de várias atividades dentro da igreja como catequese, grupos de orações e acólitas, sentia que faltava algo. “Esse sentimento sumiu quando descobri realmente que o Senhor me queria inteiramente. Quando há um chamado desse tipo, o Senhor nos capacita para renunciar o que antes era tão importante, como bens materiais e carreira profissional, hoje não é mais. E a gente vai percebendo que fazer a vontade de Deus nos preenche por completo”, diz Isabela.
Ela afirma que quando se toma uma decisão dessas, no começo é difícil o entendimento das pessoas, e até mesmo da família, mas aos poucos vão aceitando e no fim o que mais importa é agradar a Deus. “Quero que as pessoas saibam que eu estou muito feliz com a minha decisão e dizer para cada pessoa que me conhece e cresceu comigo, que de uma forma ou de outra, foram sinais da vontade de Deus. Estou rezando por cada um e que a vontade de Deus se torne realidade na vida dos familiares e amigos. E para finalizar, gostaria de incentivar as pessoas para que se aproximem mais de Deus. Não deixem para buscar Deus somente quando estão precisando de algo ou passando por um momento difícil. Rezo sempre em especial pela família, amigos que cresceram comigo e pela cidade de Maracajá que tanto amo e sempre sou muito bem acolhida”, conclui.

Período para decisão
Conforme a Madre Rosa da Cruz, todas as meninas que tendem a seguir uma vida religiosa passam por um processo vocacional de discernimento, para que a igreja possa ter a certeza de que a pessoa está dando um passo livre e decidido.
“Existem meninas que demonstram interesse já a partir dos 13 anos, onde iniciam momentos de conversas, partilha, experiência vocacional no convento, além de conviver um pouco mais conosco. Quando percebemos que realmente ela possui traços vocacionais para o chamado e tem identificação com o carisma, convidamos ela para entrar para o Instituto”, explica a Madre.
Segundo ela, algumas fases de recolhimento e silêncio são importantes para ter a certeza do chamado:
A primeira fase é o Aspirantado, que pode levar de três meses a um ano. Nesse período, as meninas conhecem mais sobre a religião, orações e costumes de vida, morando no convento.
A segunda fase é o Postulantado, com a mudança de vestes, com blusão cinza, saia preta e o uso do escapulário, símbolo da religião católica que consiste em duas imagens, uma do Sagrado Coração de Jesus Cristo e outra de Nossa Senhora. Nessa fase inicia também um estudo mais aprofundado da vida espiritual.
A terceira, considerada a mais importante na vida religiosa, a fase do Noviciado Canônico, as vestes mudam para o branco e recebem o véu. O véu como sinal da mão de Deus sobre a noviça e a veste ou hábito, como sinal de identificação, carisma e tomada de posse para se tornar esposa do Senhor.
“Terminando o ano do Noviciado Canônico, elas entram para o Noviciado Apostólico, que é a vida missionária, mas continuando com a rotina de orações”, destaca.
A Madre explica, que após estas fases que podem chegar aos dois anos, é verificado se a noviça corresponde, se comprova que essa é a vontade dela, um conselho se reúne e avalia se aprova ou não para que ela professe os votos. “Se aprovada, inicia o tão esperado momento especial que é o casamento com Jesus, onde se recebe o hábito preto”, revela a Madre Rosa da Cruz.
Ela conta que neste sábado (20), durante a celebração da missa no Santuário, as cinco meninas, Isabela, Ester, Marina, Gleice e Franciele, já devem entrar vestindo o hábito preto para professar os primeiros votos de pobreza, castidade, obediência e escravidão a Nossa Senhora, se comprometendo com o Carisma e a Santa Igreja.
“Após essa cerimônia onde as noviças se tornam religiosas, popularmente conhecidas como Freiras, elas entram na fase Juniorato por mais quatro anos para depois professarem os votos perpétuos. Normalmente as religiosas permanecem em média até cinco anos em uma casa de missão. Isabela deverá permanecer em Içara por um período até o conselho definir sua transferência para outra região”, conclui a Madre Rosa da Cruz, das Irmãs Servas Adoradoras da Misericórdia, que mora no Convento de Içara.
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