
Revolução Farroupilha na visão da História Tradicional e “vista de baixo”

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- Davi Canabarro, um dos principais líderes da Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha. (Fonte: Júnior (2024).
Revolução Farroupilha na visão da História Tradicional e “vista de baixo”
Entre os dias 13 até 20 de setembro a Semana Farroupilha é celebrada em todo o estado do Rio Grande do Sul, com feriado e eventos em todas as cidades gaúchas para homenagear a data de 20 de Setembro. Embora a guerra tenha passado por várias capitais, a comemoração moderna é um evento estadual. A celebração também se estende a outros municípios de Santa Catarina, como Passo de Torres, Balneário Arroio do Silva, que tem uma Semana Farroupilha.
A história da Revolução Farroupilha pode ser representada por duas abordagens da história, a saber: visão da história tradicional e a história cultural na perspectiva “vista de baixo”.
O/a historiador/a que analisa a Revolução Farroupilha na perspectiva da história tradicional vai apresentar os fatos históricos em ordem cronológica, fazer uso de fontes escritas oficiais, enaltecer os feitos dos grandes personagens que participaram do processo histórico da revolução. Será uma história com ausência de críticas e sem problematizações das fontes. História que romantiza e naturaliza os fatos, que valoriza os símbolos nacionais, as datas comemorativas e as tradições.
A figura principal é de Davi Canabarro, considerado pela história tradicional como um dos principais líderes da Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha. É enaltecido e merecedor de muitas honrarias, com estátuas na praça central de Porto Alegre.
No entanto, o/a historiador/a que estuda a Revolução Farroupilha na visão da história cultural com abordagem da história “vista de baixo”, vai problematizar e questionar as fontes. Para representar a história fará uso de diversas fontes de estudo, como a escrita, imagética, oral e outras. O/a pesquisador/a faz críticas aos fatos históricos e busca enaltecer todas as pessoas que fizeram parte da história. Assim, as pessoas esquecidas e invisibilizadas pela história tradicional, são fundamentais no processo de construção da história da Revolução Farroupilha.
A figura de Davi Canabarro, por exemplo, é considerado como traidor da Revolução Farroupilha, com o massacre de Porongos, a maior traição da “Revolução Farroupilha” aos negros. Os historiadores Rodrigues, B., Rodrigues F., e Veiga (2021), estudaram que na madrugada de 14 de novembro de 1844, quando a derrota Farroupilha já era certa, um contingente de negros que lutavam ao lado dos farrapos foi surpreendido desarmado no Cerro de Porongos. Um dia antes, o comandante David Canabarro havia ordenado o desarmamento dos lanceiros negros. O suposto ataque surpresa, na verdade fazia parte de um acordo de paz entre David
Canabarro e o Barão de Caxias, posteriormente, Duque de Caxias.
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