
Dona Terezinha Potrikus da Silva e lembranças de Margareth Maria Tomasi Rocha (2006)

Na continuidade do projeto “Memórias de Margareth Maria Tomasi Rocha” a entrevistada dessa semana foi a senhora Terezinha Potrikus da Silva, mais conhecida como dona Nena. Natural de Criciúma, dona Nena nasceu no dia 18 de setembro de 1953. É filha de Cassimiro Potrikus (in memoriam) e de Irene de Oliveira Potrikus (in memoriam).

Dona Nena é moradora de Maracajá. É considerada artesã autodidata, pois, aprendeu a arte do artesanato por conta própria, sem seguir um curso formal ou treinamento tradicional. Desenvolve suas habilidades e técnicas através da prática, experimentação e observação, utilizando a criatividade e a iniciativa individual para criar suas peças. Conforme dona Terezinha Potrikus da Silva “o meu artesanato eu aprendi sozinha. Eu nunca fiz curso e aprendi com o dia a dia. Eu nasci com esse dom e trabalho com tecidos, cera, cerâmica, pintura em tela, uso de palhas, jornais, papelão e todo tipo de materiais recicláveis. Todo o meu artesanato vendia para Araranguá, Joinville, São Paulo. Meus materiais foi até para Itália e Estados Unidos. Até a esposa do governador de Santa Catarina, o Luiz Henrique da Silveira, ela vinha aqui em casa adquirir o meu artesanato. Eu dei cursos de artesanato na UNESC e também sou inscrita na plataforma de artesã e artistas de Florianópolis, que se dedicam pela produção da arte manual” (Entrevista em 25/6/2025).

O envolvimento e amizade da dona Nena com a Margareth foi bem no início da fundação da Apae em Maracajá, no ano de 2006. O esposo da Margareth, Antenor Rocha (Tata), era o presidente da Apae e a Margareth teve a ideia de angariar fundos para a Apae com a comercialização de artesanatos. “A Margarete era apaixonada pelos movimentos da APAE e iniciou então, um trabalho de artesanato e eu comecei a fazer trabalho voluntário na APAE. A Margareth organizou um grupo de mulheres e um dia da semana nós nos reuníamos na Apae para a preparação do artesanato. Era eu, a Rosângela, a Dete do Deja, a irmã Preta, a Rosevânia do Dilnei, a Fátima da Íria, a Idiméia, Ione, a Albani e outras que não lembro. A Margareth conseguia retalhos da empresa De Luca e de empresas de tecidos daqui de Maracajá. Fazíamos artesanato com galhos de árvores secas e muitos materiais recicláveis. Pintávamos panos de pratos, decorações de potes e outros. Fazíamos muitas decorações de natal, datas do dia das mães, dos pais, páscoa e vendíamos em feiras no Shopping Center em Araranguá. Em três dias de feira não sobrava nada. Tudo era vendido” (Entrevista em 25/6/2025).

A equipe de mulheres voluntárias da Apae durou aproximadamente uns cinco anos. Além do artesanato, o grupo se envolvia no trabalho com eventos da Feijoada, Jantar Típico Italiano, na confecção de tapetes de Corpus Christi, preparação do macarrão caseiro que também era comercializado. “Sempre no início de cada encontro, eu ensinava as demais mulheres como era feito o trabalho, se era pintura, decoração em pote e elas que também já tinham o jeito para o artesanato, realizava as atividades com muito capricho, dedicação e amor. A Margareth tinha uma máquina e costurava os tecidos. Ela também possuía habilidades com o artesanato. O encontro era uma vez na semana na APAE e algum tempo foi na casa da Rosângela. Tinha lanche no café da tarde e a Margareth e a irmã Pretinha levavam pipoca, rosquinha, bolos, salgados. Todas as mulheres levavam alguma coisa para o café. Era uma união. Se fizessem hoje, eu entro novamente, porque era muito bom esse encontro das mulheres!”
No final do ano, a Margareth sempre presenteava as mulheres voluntárias que trabalhavam com ela na APAE. Então os presentes eram as atividades que os alunos confeccionavam na APAE, alguns ela comprava. “Eu recebia tapetes e até hoje eu tenho uns tapetes de tecidos que nós vamos tirar uma fotografia e que vai ficar registrado. Eu guardo com muito carinho esses presentes que a Margareth me deu, porque ela foi uma pessoa muito importante na minha vida e fico muito feliz por poder participar deste momento de relato sobre a memória dessa mulher guerreira”. (Entrevista em 25/6/2025).
Ao ser questionada sobre o que a Margareth representa, dona Nena ressaltou que a “Margareth foi uma mulher que deixou nossa cidade linda, deixou bons exemplos e que nos deixou muitas saudades em nosso coração. É uma mulher inspiradora a frente do seu tempo, que trouxe muitos ensinamentos para todas nós mulheres. Ela era muito educada, nunca ofendeu ninguém, gostava das coisas bem certa e bem feita. Eu gostava muito dela! Fui ao velório dela! Tenho boas lembranças de uma grande amiga! Mulher com humildade, simplicidade. Não tinha vergonha de se ajoelhar para florir Maracajá, plantar flores! Foi uma excelente primeira dama que não tivemos uma igual! Fazia as coisas com carinho! Quando ela ficou doente, foi uma dor muito grande para todas nós! Não a visitei no hospital, mas em sua residência. Mesmo doente ela ainda tinha esperança na vida e muita fé em Deus! Mesmo fraca, demonstrava estar forte e nunca falou em morrer. Estava sempre feliz e transmitia tranquilidade e confiança”, concluiu. (Entrevista em 25/6/2025).
Na próxima coluna será a entrevista da senhora Maria Bernadete Trento Rossa, a dona Dete do saudoso Dejair.
Identificação da foto: Dona Terezinha Potrikus da Silva, 72 anos, com os tapetes que recebeu de presente da Margareth Maria Tomasi Rocha (25/6/2025).
Fonte: Arquivo digital do autor.
Identificação da foto: Dona Terezinha Potrikus da Silva, 72 anos em sua residência (25/6/2025).
Fonte: Arquivo digital do autor.
Identificação das fotos: Dona Terezinha Potrikusda Silva, 72 anos concedendo entrevista ao autor em sua residência (25/6/2025).
Fonte: Arquivo digital do autor.
Identificação da foto: Margareth Maria Tomasi Rocha em evento religioso.
Fonte: Arquivo digital de Antenor Rocha.
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